quarta-feira, 18 de maio de 2011

A VOZ DOS MUDOS



  Karin Strobel apresenta em seu artigo uma retrospectiva histórica da comunidade surda dentro da sociedade. O texto apresenta-nos o destino das crianças nascidas com “algum tipo de deficiência” na antiguidade, a marginalidade a que foram fadados os surdos trancados em celas, asilos, hospitais e calabouços que durante séculos tiveram a ausência de voz vinculada à ausência intelectual até as discussões atuais quanto a inclusão da comunidade surda no universo escolar.
   Segundo a autora, as modificações propostas para um sistema de ensino que pretende ser considerado inclusório não pode fundamentar-se apenas no ponto de vista da comunidade ouvinte. Para que se possa estabelecer a inclusão dessa parcela da sociedade é necessário que a consideremos como grupo social, reconhecendo sua identidade, linguagem e cultura. Mesmo com todas as conquistas da comunidade surda as leis permanecem não respeitando o pensar desses indivíduos, impelindo-os a um processo igualmente excludente.

Isto nos faz repensar bem se a inclusão social oferecida significa integrar o surdo. Na verdade, com esta situação citada anteriormente a palavra correta não é ‘inclusão’, e sim uma forçada ‘adaptação’ com a situação do dia-a dia dentro de sala de aula (STROBEL, 2006, p.252).
    A preparação dos profissionais da educação para o trabalho com surdos não tem sido satisfatória e é refletido no fracasso escolar desse grupo. Para criança em fase escolar o aprendizado precisa fazer sentido, ser pertinente ao seu contexto social. Fazê-la pensar que só existe uma forma dela compreender o universo e que para participar ela precisa se adaptar é fadá-la ao fracasso.
José Geraldo Silveira Bueno, em Surdez, linguagem e cultura faz uma análise crítica baseado em três pontos: a história, a abordagem multiculturalista e a normalidade-patologia, buscando superar as questões que categoriza dicotomicamente a "sociedade ouvinte" e "comunidade surda".


Somente no momento em que nos debruçarmos sobre o fenômeno social da deficiência auditiva, levando em consideração as restrições efetivamente impostas por uma condição intrinsecamente adversa (a surdez), aliada às condições sociais das minorias culturais, determinadas por diferenças de classe, raça e gênero, estaremos avançando no sentido de contribuir efetivamente para o acesso à cidadania, acesso esse historicamente negado, quer pelos defensores do oralismo, quer pelos defensores da língua de sinais, na medida em que nenhum deles conseguiu, efetivamente, se desvincular das manifestações específicas geradas pela surdez (BUENO, 1996).
    
    Para Zuleide Rodrigues, é papel do professor não cruzar e buscar o constante aperfeiçoamento. Com o desenvolvimento tecnológico os educadores devem buscar recursos, usando novas tecnologias, criando espaços específicos para as diferentes disciplinas facilitando a integração de todos.
      Acredito que com advento tecnológico a integração social das comunidades surdas com os ouvintes é facilitada. Existe, no entanto, outra adaptação necessária para que a interação entre ouvintes e surdos possa ser realizada com maior naturalidade. A comunidade ouvinte precisaria ter acesso a linguagem de sinais, pois dentro e fora do universo escolar as pessoas deveriam estar preparadas para interagirem entre si, sem constrangimentos maiores .  

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